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A importância da ginástica laboral na prevenção de LER/DORT
Desde a Revolução Industrial a sociedade vive num mundo de tecnologia e equipamentos avançados, exigindo do trabalhador uma mão de obra automatizada e repetitiva, que associada a um mercado de trabalho competitivo, intenso e com pressões exageradas, pode levar este trabalhador a desenvolver entre outros sintomas, alguns distúrbios osteomusculares, além de tornar-se um indivíduo sedentário devido à indisponibilidade de tempo que se encontra para cuidar de sua saúde e praticar algum tipo de exercício físico que venha beneficiar sua vida longe do sedentarismo (ALMEIDA et. al., 2009).
É preciso investigar o quanto a Ginástica Laboral (G.L.) pode ser uma ferramenta eficaz para promoção da saúde e conscientização à prática de atividade física, pois a sua prática busca um melhor equilíbrio biopsicossocial podendo influenciar de maneira positiva na prevenção de distúrbios osteomusculares como as LER/DORT que vem acarretando prejuízos à saúde de muitos trabalhadores de várias categorias profissionais em todo mundo (OLIVEIRA & SAMPAIO, 2008)
Associando-se a Ginástica Laboral à saúde em um contexto onde o ambiente de trabalho e o estilo de vida estão interligados, observa-se a necessidade de um programa de atividade física, onde o investimento tem sido um retorno satisfatório para ambas as partes (empresa e empregados) buscando mudanças mais humanizadas no processo de trabalho e na saúde do trabalhador, abrindo espaço para programas de qualidade de vida e prevenção de doenças no ambiente de trabalho e até mesmo o incentivo às práticas de exercícios físicos fora da jornada do mesmo, proporcionando assim mudanças em seus hábitos cotidianos (CARVALHO 2003).
Histórico da Ginástica Laboral
Em 1925 na Polônia surgiu a ginástica de pausa para operários, como forma de prevenção contra problemas causados pela LER/DORT e após alguns anos, na Holanda, Bulgária, Alemanha Oriental e Rússia. Na Rússia os funcionários praticam a ginástica de pausa até hoje de acordo com as necessidades previstas em seus cargos. Mas foi em 1928 no Japão que ela foi implantada pela 1ª vez com os funcionários dos correios em busca de descontração e saúde através de sessões de ginástica realizadas diariamente. No Brasil pela 1ª vez em 23 de novembro de 1978 na cidade de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, como proposta de exercícios baseados em análises biomecânicas pela escola FEEVALE – Federação de Estabelecimento de Ensino Superior com projeto de Educação Física compensatória e recreação. (POLITO, BERGAMASCHI, 2002)
Objetivos da Ginástica Laboral
O principal objetivo da Ginástica Laboral está na prevenção de doenças ocupacionais, sua prática é realizada no próprio local de trabalho, por períodos que variam de 8 a 12 minutos, três vezes por semana, ou diariamente (MACIEL et al., 2005).
Existem várias denominações para a Ginástica Laboral. Elas podem ser classificadas como: Ginástica na empresa, ginástica matinal, ginástica preparatória, ginástica de pausa, ginástica compensatória, ginástica corretiva e ginástica no trabalho. São conhecidas dessa forma por estarem relacionadas ao sistema musculoesquelético, prevenindo possíveis distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho também conhecidos por doenças ocupacionais. Podem ser classificadas como: Ginástica Laboral Compensatória, realizada antes do expediente de trabalho, Ginástica de Pausa às realizadas durante o trabalho e Ginástica de Relaxamento às praticadas após as atividades laborais (ZILLI, 2002 p.57).
De acordo com Martins (2001), os principais objetivos da Ginástica Laboral estão na prevenção das LER/DORT e na diminuição do estresse, através dos exercícios de alongamento e de relaxamento.
L.E.R e D.O.R.T
LER (Lesões por Esforços Repetitivos), DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) são consideradas síndromes de dimensões sociais e econômicas que refletem diretamente na capacidade funcional do trabalhador dificultando a forma de exercer suas atividades e funções causando um grande sofrimento decorrente desse mal, gerando custos significativos para as organizações e o Estado. Nos últimos 20 anos têm aumentado progressivamente o número de pessoas afetadas pelas LER/DORT (RAGASSON et al., 2005).
As LER/DORT no Brasil representa o principal grupo de agravos à saúde entre as doenças ocupacionais. Trata-se de afecções com dimensões epidêmicas em diversas categorias profissionais crescente em vários países do mundo. Suas características são representadas sob diferentes formas clínicas causando questionamentos sobre os limites do papel do médico e de outros profissionais dentro da equipe de assistência, dificultando o manejo por parte de equipes de saúde e de instituições previdenciárias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
O termo Lesões por Esforços Repetitivos (LER), adotado no Brasil, está sendo, aos poucos, substituído por Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Essa denominação destaca o termo distúrbio ao invés de lesões, o que corresponde ao que se percebe na prática: ocorrem distúrbios em uma primeira fase precoce, tais como fadiga, peso nos membros e dor, aparecendo, em uma fase mais adiantada, as lesões (RAGASSON et al., 2005).
Estágios evolutivos da LER/DORT
Para Oliveira (2002) a LER/DORT pode ser classificada em quatro graus:
GRAU I: Sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor espontânea no local, às vezes com pontadas ocasionais durante a jornada de trabalho, que não interferem na produtividade. Essa dor é leve e melhora com o repouso. Não há sinais clínicos.
GRAU II: Dor mais persistente e mais intensa. Aparece durante a jornada de trabalho de forma contínua. É tolerável e permite o desempenho de atividade, mas afeta o rendimento nos períodos de maior esforço.
GRAU III: A dor torna-se mais persistente, mais forte e tem irradiação mais definida. Aparecem mais vezes fora da jornada, especialmente à noite. Perde-se um pouco a força muscular.
GRAU IV: Dor forte, contínua, por vezes insuportável, levando ao intenso sofrimento. A dor se acentua com os movimentos, estendendo-se a todo o membro afetado.
Benefícios da G.L. na prevenção de LER/DORT
O programa de Ginástica Laboral (GL) tem como objetivo prevenir a LER/DORT, além de interferir positivamente no relacionamento interpessoal, aliviando as dores corporais proporcionando benefícios tanto para o trabalhador quanto para a empresa apresentando resultados mais rápidos e diretos na saúde dos trabalhadores (OLIVEIRA, 2006).
A Ginástica Laboral promove adaptações fisiológicas, físicas e psíquicas, sua prática é exercida no ambiente de trabalho através de exercícios dirigidos e adequados para cada setor ou departamento da empresa. No momento em que a musculatura está sendo exercitada, há um aumento da temperatura corporal, tecidual e da circulação sanguínea provocados por adaptações fisiológicas. As adaptações físicas proporcionam melhoria na flexibilidade, mobilidade e postura do trabalhador. As psicológicas envolvem mudança de rotina favorecendo o relacionamento patrão/empregado e a integração entre pessoas que circulam pelo ambiente. O programa de Ginástica Laboral através da comunicação ativa expressada pelo corpo e pela cooperação nas atividades exercidas em duplas ou em grupos proporciona um convívio social diário, estabelecendo um encontro marcado com a saúde uma vez que integra as pessoas, e o espírito de equipe passa a prevalecer de forma que possam se conhecer melhor. Quando estes se exercitam em grupos trabalhando o espírito de equipe, proporciona além de uma melhor qualidade na produtividade, um crescimento pessoal do funcionário, essa mudança de rotina na empresa melhora consequentemente a saúde mental dos mesmos (LIMA 2003, p 8).
A partir do material apresentado, pode-se concluir a relevância da Ginástica Laboral (GL) no ambiente de trabalho, por prevenir alguns distúrbios osteomusculares como a LER/DORT, além de ser uma proposta interessante, que vem produzindo efeitos positivos no combate ao sedentarismo e suas conseqüências, conscientizando os trabalhadores sobre a importância da movimentação natural do corpo, conservação da postura e sua saúde, tão fundamentais para o desempenho profissional e a harmonização no ambiente de trabalho bem como um fator satisfatório para a maioria das empresas que através da G.L. investe na melhoria da imagem da instituição junto aos empregados e a sociedade, contribuindo para a manutenção do bem estar físico mental e social de seus colaboradores gerando assim um aumento de produtividade.
Fonte: https://www.efdeportes.com/efd148/a-ginastica-laboral-na-prevencao-de-ler-dort.htm