Acústica no Ambiente de Trabalho

O ambiente corporativo é, naturalmente, um espaço barulhento. Pessoas circulando o tempo inteiro, barulho dos dedos nos teclados dos computadores, conversas entre os trabalhadores, gente falando ao telefone, equipamentos eletrônicos funcionando, portas abrindo, portas fechando, etc. Todos esses ruídos, se não forem tratados, contribuem para o estresse dos profissionais.

Em matéria publicada pelo portal Viva Bem, do UOL, a neurocientista Thaís Gameiro afirmou que “ruídos em excesso prejudicam nossa capacidade de concentração e retenção das informações”. Além disso, disse que “a resposta de estresse provocada por ruídos considerados desagradáveis pode reduzir a quantidade de dopamina no córtex pré-frontal do cérebro, região importante para o desempenho eficiente de nossas funções cognitivas e executivas, como o aprendizado, planejamento e tomada de decisão”. Em resumo, se estressados, os times tornam-se menos produtivos, motivados e saudáveis.

Mas o que, de fato, é conforto acústico? De acordo com o estudo Impact of Office Design on Employees’ Productivity, ruídos, assim como problemas de luminosidade, de layout, de mobiliário e de temperatura, estão entre os principais fatores que afetam negativamente a produtividade de um escritório. Importante entender que todo som que é indesejado e que nos irrita, nos desconcentra e nos deixa desorientado, é considerado ruído. E esses ruídos precisam ser amenizados para que se tornem menos perceptíveis e para que o usuário do espaço tenha uma boa experiência sonora.

Como entender como a sonoridade impacta nossa existência? Uma grade de percepções foi divulgada por especialistas e afirma que um som agradável e calmo, faz o local ser relaxante e tranquilo; um som agradável e agitado, torna o local excitante e divertido; um som desagradável e agitado, gera um local desconcertante e inquietante; e um som calmo e desagradável, cria um local chato e desinteressante.

Como medir?

A medição dos ruídos é feita em decibels*. Pesquisas mostram que um local calmo gera sons entre 10 e 20 decibels*. Paralelamente, um local difícil de suportar, tem barulho em 110 decibels*. Fogos de artifício ou explosões, por exemplo, levam ao extremo do prejuízo sonoro e chegam a 140 decibels*. Dentro desse contexto, e seguindo esses parâmetros, os escritórios costumam produzir ruídos em torno de 50 a 75 decibels*.

Mas nessa margem – de 50 a 75 – temos muita variação, já que a desconcentração ocorre a partir dos 50 e com 75 o escritório torna-se extremamente ruidosos e difícil para trabalhar. E os efeitos ultrapassam as questões de desempenho e chegam a implicações na saúde.

Onde encontrar regras?

Considerando a importância de cuidar da acústica dos escritórios, no Brasil algumas regulamentações auxiliam na hora de criar os projetos. A NR17, de 2010, fala sobre ergonomia e aponta que os escritórios devem obedecer aos critérios estabelecidos pela NBR 10152 sobre ruído residual. Ou seja, fala sobre a necessidade de cuidar da reverberação dos sons nos espaços.

Já a ISO 3382-3:2012, norma internacional, aponta que além de controlar o ruído residual, os projetos acústicos devem garantir baixa propagação sonora, bloqueando, assim, o som entre o emissor e o receptor, porém – aqui um ponto importante – sem deixar o ambiente totalmente silencioso pois isso interfere na privacidade. Imagina uma sala completamente silenciosa. Qualquer coisa que você falar ao telefone, todos vão escutar. Esse extremo também não é benéfico.

Dessa forma, cada espaço dentro de um escritório precisa de um tipo de tratamento. Se for open office, as preocupações são direcionadas a um ponto específico. Se for um escritório mais fechado, tradicional, as preocupações são outras. Para salas de reunião, as diretrizes também mudam. E, agora que as videoconferências estão ainda mais comuns e rotineiras, essas salas também precisam garantir conforto acústico para quem está ali dentro e para quem está do outro lado da tela, pois a sonoridade do que é dito precisa ser perfeita mesmo quando o receptor está acessando a reunião por meio da tecnologia.

E como o projeto de arquitetura corporativa deve ser desenhado para garantir conforto acústico? As soluções são inúmeras. Uma boa dica é pensar que superfícies planas e duras fazem o som refletir. Além disso, as côncavas costumam atrapalhar, pois concentram as reflexões sonoras em um determinado local. Concomitantemente, as convexas fazem uma boa distribuição desse som.

Quando o arquiteto está projetando um escritório open space, deve dar mais ênfase ao condicionamento acústico do que ao isolamento, sendo que condicionamento é o controle de sons no interior do ambiente, ou seja, mais qualidade sonora com melhor nível de inteligibilidade e compreensão do que é dito; e isolamento é o bloqueio do som entre dois ambientes distintos.

Claro que em locais fechados – como as salas de reunião – o isolamento é mais importante, mas no plano aberto geral, o condicionamento ganha peso. Do lado oposto, em um escritório fechado por paredes, o isolamento precisa ser mais forte.

Mas traremos, nos próximos posts, mais detalhes e sugestões práticas de como criar um escritório que promova um bom conforto acústico. Fique ligado aqui no Espaço do Arquiteto.

* Você sabia que o plural correto de decibel é decibels? Antigamente, tanto decibéis quanto decibels eram aceitos. Porém, em 2013, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) publicou a Portaria nº 590 que trata dos plurais dos nomes das unidades de medida. Nesse texto – que você pode visualizar AQUI – o órgão afirma que o plural do nome da unidade não desfigura o singular, não se aplicando, então, algumas regras usuais de formação do plural de palavras. Dessa forma, o correto é decibels em vez de decibéis.

Fonte: https://www.rsdesign.com.br/espaco_arquiteto/acustica-no-ambiente-de-trabalho-questao-de-saude/

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