Como a iluminação afeta o ambiente de trabalho?

É muito comum que se ouça falar, no mundo empresarial, em qualidade de vida no trabalho. Um ambiente confortável permite que aqueles que nele trabalham permaneçam satisfeitos por mais tempo, levando, consequentemente, à alta produtividade. Mas como será que a iluminação do ambiente influencia? Será que ela de alguma forma está relacionada com o bem-estar laboral? Entenda mais sobre o assunto, no texto a seguir!

A importância da iluminação do ambiente

A iluminação do ambiente é de suma importância para qualquer recinto que citarmos: sala de estudo, escritório, setor de costura de uma indústria têxtil, fábrica de usinagem e até no quarto, antes de dormirmos. A princípio, o questionamento a respeito da iluminação do ambiente, então, fica sendo: para ser tão importante, o que ganhamos com ela? Os resultados adquiridos com boa iluminação são diversos.

Por exemplo, no meio corporativo, o bem-estar laboral (que inclui a iluminação) é considerado estratégico para empresas, servindo como diferencial. Não somente isso, mas a capacidade luminosa (e isso serve também para o meio educacional) é capaz de influenciar na produtividade e no foco, seja de colaboradores ou alunos. Se falarmos da iluminação de casa, todos os motivos citados podem também ser elencados, e, unido a eles, existe o fator conforto.

Sob o mesmo ponto de vista, para o meio corporativo há ainda um adendo: investimentos em ergonomia e qualidade de vida constam como exigências da legislação trabalhista. Por exemplo, a Norma Regulamentadora n° 17 (NR-17) – “Ergonomia” elenca as responsabilidades relacionadas à adaptação do espaço baseada na atividade que é nele realizada. A iluminação do ambiente, por sua vez, é um ponto de atenção da NR-17.

Ergonomia, segundo a NR-17, consiste em:

Estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

– Acessível em ENIT – Escola Nacional da Inspeção do Trabalho – NR-17

Iluminação do ambiente inadequada e seus impactos

De acordo com a IESNA:

A percepção do caráter de um espaço, a resposta emocional a um certo ambiente, e mesmo sentimento de satisfação e bem-estar podem ser alterados por variações na iluminação.

– Fonte: REA, 2000

Serão citados posteriormente os efeitos negativos gerados por três tipos de falha de iluminação do ambiente. As falhas analisadas serão a iluminação escassa, a iluminação excessiva e o efeito estroboscópico.

Iluminação escassa

Uma iluminação do ambiente que se mostra insuficiente é capaz de diminuir o ritmo de trabalho. Isso se deve ao fato de interferir diretamente na diminuição da percepção de detalhes, por sua vez aumentando a quantidade de falhas operacionais, elevando também os índices de acidentes de trabalho. Em ambientes com baixa iluminação, sombra e ofuscamento, são exigidos maiores esforços da visão, resultando em fadiga visual, dores de cabeça e até diminuição da capacidade visual.

Iluminação excessiva

Por outro lado, a iluminação excessiva também se prova como prejudicial à saúde dos olhos. O excesso de luz provoca uma menor lubrificação dos olhos, uma vez que promove maior evaporação da película lacrimal. É comum que se observe lacrimejamento, irritação ocular e vermelhidão, nesses casos. Efeitos psicológicos também estão diretamente atrelados tanto à luz excessiva quanto à insuficiente; são eles: estresse, nervosismo e fadiga emocional.

Iluminação no ambiente gerando efeito estroboscópico

A princípio, vem a dúvida: o que é efeito estroboscópico? Basicamente, esse é um efeito que ocorre quando uma fonte de luz pulsante ilumina um objeto em movimento. Os movimentos observados não serão vistos de forma contínua, sendo vistos como se fosse “frame a frame”. É exatamente esse efeito que ocorre em shows, festas ou bailes, quando somos iluminados por holofotes piscantes. A depender da frequência em que a fonte luminosa pisca e que a movimentação observada é feita, pode acontecer a sensação de imobilidade do objeto em movimento.

Em outras palavras, nestas condições veremos o objeto “congelado”, mesmo que o movimento continue ocorrendo. Esse efeito pode também causar sensação de rotação contrária. Um exemplo é quando vemos a roda do carro ou um fidget spinner rotacionar no sentido contrário ao que de fato está girando (por exemplo, a impressão de uma roda estar girando para trás, no trânsito).

Esses efeitos são prejudiciais à visão, pois causam cansaço visual, devido à intermitência da luz, que pode não ser visível aos nossos olhos, mas são captados por nosso cérebro, causando desconforto. Esse é um efeito que tem suas consequências observáveis quando sentimos fadiga visual, ou até dores de cabeça, ao ficarmos muito tempo sob a iluminação de uma lâmpada fluorescente.

Por outro lado, vale frisar que não somente o excesso, a escassez ou o efeito estroboscópico afetam a capacidade visual. Pode-se citar como causas de desconforto a distribuição incorreta da intensidade luminosa; cores inadequadas da luz, dificultando a visão e impactando o estado emocional; mau direcionamento da luz e da sombra; objetos de iluminação em mau funcionamento.

Como deve ser a iluminação do ambiente de trabalho?

Segundo a NR-17, todas as exigências que nela constam permitem que o trabalhador tenha condições favoráveis para desempenhar suas tarefas com segurança e conforto. No caso da iluminação, evita-se a ocorrência de fadiga visual, dores de cabeça, acidentes, além de outros problemas de saúde, como a diminuição da capacidade visual. Logo, as exigências da NR-17 relacionadas ao tema são:

  • Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade;
  • A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa;
  • A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.

Por outro lado, a NR-17 tem suas exigências baseadas nos valores de luminância estabelecidos pela Norma de Higiene Ocupacional n°11, que pode ser visualizada aqui. No tópico de iluminação, ela também faz referência à NBR 5382 e NBR 5413. No entanto, a ABNT cancelou ambas e as substituiu pela ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013.

É comum que o antigo Ministério do Trabalho (atualmente atribuição do Ministério da Economia) realize fiscalizações nos ambientes de trabalho, esclarecendo quanto à exigência de determinado nível de iluminação, de acordo com a atividade exercida no local. Por exemplo, uma cantina deve ter luminância de 200 lux. Em contrapartida, um atelier deve ter luminância a 1.000 lux, e um escritório a 500 lux. Para evitar autuações trabalhistas, portanto, é imprescindível que a iluminação esteja adequada e conforme a legislação.

Como adequar a iluminação do ambiente

Caso haja a sensação que o seu ambiente de trabalho, estudo ou lazer não conta com iluminação suficiente (ou existe iluminação excessiva), e tem sido desconfortável utilizar o cômodo por longos espaços de tempo, é necessário que seja reanalisada a disposição das fontes luminosas, ou ainda que sejam mudados os tipos de luminárias. No caso da iluminação residencial, há dicas no blog sobre como melhor dispor e escolher as lâmpadas do lar.

Por outro lado, havendo a necessidade de uma análise profissional (seja para o ambiente residencial, comercial, escolar ou industrial), há serviços como o laudo luminotécnico e o estudo luminotécnico. O laudo luminotécnico é o documento responsável por atestar a qualidade de iluminação de uma instalação, propondo soluções para as possíveis falhas; é ele o documento necessário no caso de uma autuação após vistoria técnica.

No caso do estudo luminoténico, sua função principal é propor a melhor disposição possível para as luminárias, seus tipos e suas quantidades, de modo a aproveitar o espaço e utilizar o menor número possível de pontos de iluminação, sem perder a qualidade luminosa. Esse é um serviço muito útil para escolas, fábricas e casas, principalmente aqueles que ainda se encontram na fase de projeção.

Fonte: https://eletrojr.com.br/2020/06/11/iluminacao-ambiente-e-trabalho/

 

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