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Qual a doença ocupacional que gera mais afastamentos?
Todos os anos, milhares de brasileiros enfrentam condições de trabalho que ameaçam sua saúde, resultando em distúrbios físicos e psicológicos conhecidos como doenças ocupacionais. Essas condições não apenas afetam o bem-estar dos trabalhadores, mas também geram consequências significativas para a economia e a sociedade como um todo. Entre as diversas doenças ocupacionais, uma que se destaca pelos impactos nos afastamentos é a dorsalgia, uma condição que acomete a região das costas e que tem se tornado cada vez mais prevalente nos últimos anos.
O cenário das doenças ocupacionais no brasil
O Brasil enfrenta desafios significativos no que diz respeito à prevenção e gestão de doenças ocupacionais. O investimento insuficiente em medidas preventivas e a negligência em relação às condições de trabalho adequadas contribuem para o aumento dessas doenças. O Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT), em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), revelou que mais de 319 milhões de dias de trabalho produtivo foram perdidos nos últimos seis anos devido a afastamentos relacionados a doenças ocupacionais.
Além dos custos diretos associados aos afastamentos, o comprometimento financeiro, social e de autoestima dos trabalhadores afetados é uma variável muitas vezes não considerada. A ocorrência de sequelas e limitações da capacidade laboral pode resultar em exclusão social e dificuldades de reintegração ao ambiente de trabalho. O sistema previdenciário também sofre, com o INSS gastando bilhões em benefícios acidentários, afastando centenas de milhares de trabalhadores.
Principais setores afetados e problemas de saúde relacionados ao trabalho
Diversos setores econômicos enfrentam altos índices de afastamentos devido a doenças ocupacionais. Atividades de atendimento hospitalar, construção de edifícios, administração pública, transporte rodoviário de carga, comércio varejista e restaurantes são alguns dos mais afetados. Os trabalhadores estão sujeitos a uma variedade de problemas de saúde, incluindo doenças mentais, intoxicações, lesões, doenças osteomusculares, respiratórias, infecciosas, parasitárias e cutâneas.
Dorsalgia: a doença ocupacional prevalente
A dorsalgia, ou dor nas costas, é a doença mais incidente nos postos de trabalho nos últimos dez anos, de acordo com dados da Secretaria de Previdência. Em 2017, foram registrados 83,7 mil casos de afastamentos devido a essa condição. Fatores como estresse, postura inadequada, longas horas em frente ao computador e levantamento de peso excessivo contribuem para o surgimento dessa doença. Medidas preventivas, como fisioterapia e ginástica laboral, são essenciais para minimizar o risco de dorsalgia.
Outras doenças ocupacionais relevantes
Além da dorsalgia, outras doenças ocupacionais merecem destaque:
Lesões nos joelhos: Essas lesões, categorizadas como lesões por esforço repetitivo/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT), afetam especialmente o joelho. Sobrepeso, obesidade, sedentarismo e levantamento de cargas elevadas aumentam a probabilidade dessas lesões.
Depressão: Considerada a segunda maior causa de adoecimento relacionado ao trabalho no Brasil, a depressão impacta a saúde mental dos trabalhadores. Em 2016, os quadros depressivos foram responsáveis por 37,8% de todas as licenças no ambiente de trabalho.
Problemas cardiovasculares: O estresse, as longas jornadas de trabalho e outros fatores de risco, como hipertensão, obesidade e má alimentação, contribuem para problemas cardiovasculares. Essas condições podem levar a eventos graves, como infarto e AVC.
Prevenção e cuidados no ambiente de trabalho
A prevenção de doenças ocupacionais é crucial, e embora algumas empresas adotem práticas para proteger a saúde de seus colaboradores, muitos trabalhadores têm que depender de suas próprias iniciativas. Algumas dicas para prevenção incluem:
Uso de EPIs: Em ambientes de risco, o uso adequado de máscaras, luvas, respiradores e outros equipamentos de proteção é essencial. Participar dos treinamentos oferecidos pelas empresas pode aumentar a conscientização sobre os riscos e as medidas preventivas.
Prática de exercícios físicos: Apesar das demandas do trabalho, reservar tempo para atividades físicas é fundamental. A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 150 minutos de atividade por semana para manter o bem-estar.
Alimentação balanceada: A correria do dia a dia não deve comprometer uma alimentação saudável. Evitar alimentos processados e manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, legumes, grãos e proteínas, contribui para a saúde a longo prazo.
Qualidade do sono: Sacrificar o sono em prol do trabalho pode resultar em queda na produtividade e problemas de saúde. Priorizar uma boa qualidade de sono é essencial para a recuperação e o funcionamento adequado do corpo.
Exames preventivos: Realizar exames periódicos é uma prática fundamental para identificar possíveis problemas de saúde antes que se tornem graves. Avaliações médicas regulares, como hemogramas e testes ergométricos, podem ser cruciais para a prevenção.
O panorama das doenças ocupacionais no Brasil destaca a necessidade urgente de investimento em prevenção. As empresas, os órgãos governamentais e os trabalhadores devem colaborar para criar ambientes de trabalho seguros e saudáveis. A prevenção não apenas reduzirá os custos associados aos afastamentos, mas também promoverá a qualidade de vida dos trabalhadores e o desempenho geral da economia. Priorizar a saúde ocupacional é um investimento no presente e no futuro, construindo um ambiente de trabalho mais sustentável e humano.