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Setembro Amarelo: : ações de valorização da vida e prevenção ao suicídio
SÃO PAULO – Setembro é o mês da prevenção ao suicídio – conhecido como Setembro Amarelo. E um aspecto que pouco se comenta é a relação que o trabalho tem com os índices de suicídio. Em tempos de instabilidade econômica e crise em alguns setores, os ânimos ficam mais exaltados acompanhados da insegurança e temor de ficar sem trabalho. “Quem trabalha, portanto, trabalha sempre sob a angústia da possibilidade de perder seu emprego – seu sustento, seu valor social, ferir parte de sua identidade. Quem não tem emprego tem ainda mais medo: de não aparecer outro bico, outro freela, de não ter o pagamento garantido”, diz a psicóloga Carolina Grando.
“Esse medo faz com que nos submetamos a condições de trabalho que não nos fazem bem. (…) Aceitamos horas extras sem pagamento, trabalhos aos finais de semana. Aceitamos sobrecargas que nos roubam convívio social e espaço para o fortalecimento de outros aspectos de nossa vida, que nos deixam exaustos e fragilizados. Aceitamos, por vezes, até mesmo humilhações, agressões – ou mesmo passarmos por cima de nossa ética – aceitamos, ou aturamos assédio moral”, completa.
De acordo com Carolina, o cansaço causado pela tensão e angústia nos deixa vulneráveis para o adoecimento mental. Não é à toa que os índices desse tipo de adoecimento só têm crescido, bem como os afastamentos do trabalho por questões de saúde mental.
A quantidade de pessoas que tiram a própria vida vem crescendo ao longo dos anos em todo o país. No Brasil, 11 mil pessoas em média tiraram a própria vida por ano. É a quarta maior causa de morte de brasileiros entre 15 e 29 anos, informam dados do Ministério da Saúde. Entre 2011 e 2015, o número de suicídios cresceu 12%. Em 2011, foram 10.490 mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015, foram 11.736 mortes: 5,7 a cada 100 mil. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 2017.
Justamente com o objetivo de reverter o aumento crescente das mortes surgiu no Brasil, em 2014, o Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio. Iniciada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), com apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a campanha aborda a tentativa e a concretização do ato de se matar como um problema de saúde pública.
O objetivo é quebrar o tabu sobre o tema e alertar a população sobre o problema, além de mostrar que nove em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. A campanha é importante para a conscientização da população a respeito do problema de saúde, pública que é o suicídio, no Brasil e no mundo, e quais são as formas de preveni-lo e a ANAMT apoia esta causa.
https://exame.abril.com.br/carreira/a-relacao-entre-suicidio-e-trabalho/